Vacinação contra a Covid tem baixa procura na Grande SP

Vacinação contra a Covid tem baixa procura na Grande SP

“Procura-se 120 mil pessoas que não tomaram nem a segunda nem a terceira dose da vacina”. A mensagem faz parte de uma campanha da Prefeitura de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, em um apelo para que moradores que não tomaram as demais doses do imunizante contra o coronavírus, procurem um posto de saúde.

A realidade por ali não é isolada. Na cidade de 375 mil moradores, menos da metade da população tomou a dose de reforço, situação semelhante a de outras 17 cidades da região metropolitana.

Os dados se referem a quantidade de terceira e quarta doses aplicadas, pois o Governo do Estado não tem separado os dados específicos de cada fase, deixando apenas a informação da “dose adicional”. Mesmo assim, a quantidade de imunizados com o reforço não chega a 50% em cidades como Rio Grande da Serra, Itapevi, Ferraz de Vasconcelos, entre outras.

A dose de reforço é aplicada desde outubro do ano passado, enquanto a quarta dose começou a ser aplicada na população idosa em março.

A falta da vacinação acende um alerta em um momento em que os casos e as mortes pela doença estão em queda no Brasil, assim como as taxas de ocupação nos leitos em hospitais por causa da Covid-19.

O receio é que a sensação de “fim da pandemia” afete a mobilização para a aplicação de novas doses e, assim, uma nova onda possa atingir a região.

“A imunidade está caindo ao longo do tempo, se surgir uma nova variante, vamos ter uma corrida em busca da vacina que não é necessária, já que podemos fazer isso de forma mais tranquila agora”, explica Diego Xavier, pesquisador do Observatório da Covid-19, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Na região metropolitana, a cidade que mais teve imunizados proporcionalmente com a dose adicional foi São Caetano do Sul. Por lá foram 120 mil doses adicionais, somadas a terceira e a quarta, de acordo com o VacinaJá, portal do governo estadual que contabiliza as imunizações. Ao todo, 145 mil pessoas estão com duas doses ou a dose única – considerado o esquema vacinal completo no começo da pandemia.

Na capital, foram quase 8 milhões de doses adicionais até o dia 2 de maio. Por outro lado, 11 milhões receberam duas doses ou a dose única.

Na outra ponta estão as cidades de Itapevi, na região oeste, e Rio Grande da Serra, no ABC Paulista, onde apenas 3 em cada dez moradores tomaram a dose adicional.

No caso de Rio Grande, a cidade foi também a que menos aplicou a segunda dose. Foram aplicadas 14 mil vacinas adicionais, 27 mil na segunda, enquanto a primeira teve 37 mil imunizações. Vivem por lá 51 mil pessoas.

“O município tem a característica de ser uma cidade dormitório e, por essa razão, tem aberto algumas UBS (Unidades Básicas de Saúde) aos fins de semana. Porém, a procura é muito baixa”, afirma a prefeitura da cidade, problema citado também por outras gestões.

Para Xavier, entre os fatores para a baixa procura está a falta de conscientização sobre a necessidade da dose adicional, campanhas contra as vacinas e, também, a sensação de que a infecção tem o mesmo potencial da vacina.

“Muita gente acabou contaminada pela variante Ômicron, teve um caso mais leve de Covid e está acreditando, por conta de notícias equivocadas, que a imunidade do contágio substitui a das vacinas. Não é verdade”, diz.

Essa explicação encontra exemplos entre os não vacinados. Em Carapicuíba, enquanto 362 mil tomaram a primeira dose, apenas 186 mil imunizantes foram usados como doses de reforço.

Diego Xavier, da Fiocruz

Ele ressalta que a diferença entre cidades pode prejudicar a imunização coletiva e que o vírus não respeita limites políticos administrativos. Ou seja, a falta de vacinação em um município pode comprometer o atendimento ao redor.

A terceira dose ajuda a reduzir a propagação do vírus e, com isso, diminui também a chance de novas variantes do coronavírus surgirem.

No estado de São Paulo, foram 26 milhões de terceiras e quartas doses – ao todo foram 42 milhões da primeira dose.

Atualmente, pessoas com mais de 60 anos já podem tomar a quarta dose da vacina contra o coronavírus no estado. A aplicação começou a partir do dia 5, mas algumas cidades adiantaram o calendário.

Redação

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