Crianças que convivem com fumantes: que consequências podem sofrer?

Crianças que convivem com fumantes: que consequências podem sofrer?

Os efeitos do tabagismo passivo, que é uma realidade em tempos de Covid-19, podem ser ainda piores para os pequenos

Não é surpresa para ninguém o risco que o cigarro oferece para a saúde. Essa é uma informação bastante disseminada, até mesmo nas carteiras comercializadas. Mas um ponto importante, e que talvez muita gente deixe passar batido, é sobre o tabagismo passivo. E quando as crianças são expostas a ele, os perigos a curto, médio e longo prazo só aumentam.

Quando um cigarro é aceso, somente uma parte da fumaça é tragada pelo fumante. O restante dela é lançada ao ambiente pela ponta acesa. É aí que entra o fumante passivo! Mas vale lembrar que são expostas a esse consumo involuntário não só as pessoas que convivem com fumantes, mas todas aquelas que estão por perto no momento em que a fumaça é expelida. Inclusive as crianças.

Sobre os malefícios do cigarro
Muito além dos efeitos psicoativos da nicotina, provocando a dependência, o cigarro possui outras diversas substâncias químicas e tóxicas. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a fumaça contém mais de 7.000 compostos e substâncias químicas, sendo que pelo menos 69 deles são responsáveis pelo surgimento do câncer.

Ainda segundo o INCA, a fumaça é uma mistura de milhares de substâncias tóxicas diferentes que se constituem de duas fases fundamentais: a particulada e a gasosa. A fase gasosa é composta por monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído, acroleína, entre outros. A fase particulada contém nicotina e alcatrão.

Para se ter uma ideia da toxidade da fumaça do cigarro, o monóxido de carbono, por exemplo, é produzido pelos motores de carros a partir da queima de combustíveis. Quando associado a nicotina é que surge o risco de doenças cardiovasculares.

Em relação ao alcatrão, que compõe a fase particulada da fumaça, ele é um composto de mais de 40 substâncias comprovadamente cancerígenas, e é formado a partir da combustão dos derivados do tabaco, segundo dados do INCA. Entre elas, é possível encontrar resíduos de agrotóxicos, substâncias radioativas, acetona e naftalina, por exemplo.

Perigo maior para bebês e crianças
Sem dúvida o risco maior fica para o fumante, que consome por completo as substâncias presentes no cigarro. Mas como vimos, quem está por perto apenas inalando a fumaça do ambiente também compartilha dos riscos de desenvolver doenças relacionadas ao tabagismo, incluindo câncer de pulmão e problemas cardiovasculares. E no ambiente doméstico, essa exposição pode ser inevitável para os pequenos. Especialmente durante a pandemia de Covid-19, que aumenta o tempo de convivência entre familiares.

Segundo o Ministério da Saúde, bebês e crianças são ainda mais suscetíveis ao tabagismo passivo, isso porque o fumante pode ser um dos pais ou responsáveis, e por elas serem impotentes diante da situação. Além disso, conforme o artigo da Sociedade Brasileira de Pediatria, o desenvolvimento incompleto do aparelho respiratório e a relação entre o volume de substâncias tóxicas inaladas e o peso da criança tornam a exposição ao cigarro ainda mais maléfica durante a infância.

No caso de mulheres grávidas expostas à fumaça, elas correm o risco de ter bebês com malformações congênitas, com baixo peso ao nascer ou ainda natimortos. Em relação aos bebês em fase de amamentação, estudos apresentados pela Sociedade Brasileira de Pediatria sugerem que eles podem ter menor capacidade intelectual, maior risco de morte súbita e grave acometimento respiratório e imunológico.

Ainda segundo informações do Ministério da Saúde, os efeitos da fumaça podem ser sentidos imediatamente pelos fumantes passivos. Sendo alguns deles: irritação nos olhos, tosse, dor de cabeça e alergias, principalmente nas vias respiratórias. No caso das crianças, é percebido um aumento do número de infecções respiratórias e elevação da pressão arterial.

Faça o que eu digo, não faça o que eu faço?
Outro ponto que vale ser lembrado é a influência que os pais exercem em relação aos filhos. Em entrevista ao Saúde Brasil, Beatriz Ávila, psicóloga residente no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto e do Idoso do Hospital Universitário de Aracaju (SE), vinculado à Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), afirma que a decisão de começar a fumar possui determinantes multifatoriais, sendo um deles a herança dos pais.

Ainda segundo a publicação feita pela Sociedade Brasileira de Pediatria, a exposição ao tabagismo ambiental desde a gravidez até a primeira infância é um fator que predispõe o início do hábito de fumar na adolescência. Isso acontece devido à neurotoxicidade decorrente da nicotina.

O alerta deve ser ainda maior agora, uma vez que as famílias estão passando mais tempo juntas em casa em virtude da pandemia provocada pelo SARS-Cov-2. Esse pode ser um período estressante para todos, e pode também aumentar o índice de exposição ao cigarro por parte das crianças que estão convivendo com os familiares fumantes no ambiente doméstico. Que tal fazer dessa uma janela de oportunidade para dar um adeus definitivo ao vício?

MALEFÍCIOS DO TABAGISMO PASSIVO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA:

Em bebês:
– Um risco 5 vezes maior de morrerem subitamente sem uma causa aparente (Síndrome da Morte Súbita Infantil);
– Maior risco de doenças pulmonares até 1 ano de idade, proporcionalmente ao número de fumantes em casa.

Em crianças:
– Maior frequência de resfriados e infecções do ouvido médio;
– Risco aumentado de doenças respiratórias como pneumonia, bronquites e intensificação da asma.

Fonte: Saúde Brasil.

Redação

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